RECONSTITUIÇÃO DA ULTIMA HORA DO
VEICULO DE RECONHECIMENTO TERRESTRE DZ-77 DO EXERCITO AUSTRALIANO ANTES DO
PRIMEIRO ATAQUE AÉREO AOS INVASORES- reconstrução baseada em gravações de
comunicações por radio e da caixa preta blindada do tanque modelo Scorpion 300,
adaptado para atuar como veiculo de observação e vigilância.
O homem dentro do tanque suava,
mais de medo do que de calor:
-Delta zebra sete sete para zero
zero, por favor responda zero zero.cambio.
A estática leva apenas poucos
segundos para ser substituída pela voz grave do comandante:
-Zero Zero na escuta delta zebra
sete sete, relatório? Cambio;
-Sr... é difícil de acreditar,
mas eles são como as primeiras testemunhas descreveram. Daqui não podemos ver
muitos detalhes, mas com certeza contamos quatro braços. Nem todos os braços
tem garras ou mãos. São altos, a cabeça fica pouco abaixo da linha das arvores.
Parecem pesados, andam como se estivessem na areia molhada de uma praia, mesmo
sendo chão duro e seco... A única coisa que parecem carregar é uma espécie de
bola de metal gigantesca, uma por soldado... daqui podemos ver doze deles, em
formação cerrada, muito próximos uns dos outros...cambio.
O silencio agora dura mais. Sem
duvida do outro lado uma discussão devia estar acontecendo.
-Sete sete, escute, esses
invasores estão se movendo de forma a criar uma espécie de perímetro. Não
podemos deixar que avancem, mas também não sabemos de tudo que eles podem
fazer. Até agora eles não atacaram os mini drones aéreos, certo? Cambio.
-Zero zero, afirmativo, nenhum
dos mini drones foi atacado. Talvez eles não possam distinguir objetos tão
pequenos. Ainda temos seis deles para lançar. Cambio.
Novamente silencio; dentro do
tanque um calor seco e desagradável. Do lado de fora sensores, centenas de quilos
de sensores, vigiando o estranho espetáculo que se desenrolava a poucos
quilômetros dali.
-Sete Sete, escute, em 15 iremos
lançar um ataque aéreo usando caças multi função com munição pesada. Todos os
brinquedos abaixo das nossas MOABS e ogivas nucleares. Quero que sincronize o
lançamento dos mini drones com as salvas dos mísseis, para que possamos ter
dados dos efeitos de cada ataque nos alvos. Entendeu? Cambio.
Ele já esperava isso, informação
era prioridade... Mesmo que os próprios minidrones, robôs voadores do tamanho
de um dedão, não fossem atacados, todo veiculo que os lançava para vigiar o
inimigo acabava, cedo ou tarde, sendo alvejado pelos invasores. Mas era o
trabalho deles.
-Entendido Zero zero, preparados
para sincronizar ao seu comando, cambio.
Logo os computadores assumiram a
conversa. Ele alternou para o comunicador interno e perguntou a seu colega:
-Ouviu tudo Charlie?
-...Claro. Que beleza.
-O que foi, esta ficando com
medinho?
-Haha! Vá se foder, eu não entrei
no exercito pra enfrentar monstros de seriados japoneses... Alias só escolhi a unidade terrestre de
reconhecimento por que até ontem era a única unidade que nunca tinha que pegar
no pesado ou arriscar o pescoço...
-Hm...
-E você? Você não era da sétima
blindada? Elite da elite ou coisa parecida?
-Era. Mas depois que minhas
meninas nasceram eu decidi que seria algo bom continuar vivo pra as ver
crescerem, irem pra escola, roubarem as chaves do meu carro e namorarem garotos
que eu desaprovasse e todo o resto. Na sétima você não tinha uma expectativa de
vida longa o bastante pra isso.
Um silencio pesado caiu:
-Você tem gêmeas, e uma esposa...
-E um cachorro, e uma maquete de
porta-aviões para acabar...
-Tudo bem pra você? Você sabe que
nós provavelmente não vamos nos safar se lançarmos mais de dois drones.
-É nosso trabalho, não é?
Esses... Monstros ou seja lá o que forem só deixam mortos para trás, e não
param de avançar. E nosso país é uma ilha. Uma ilha grande, mas mesmo assim uma
ilha.
-Então vai fazer isso pela pátria?
-Foda-se a pátria, eu vou fazer
tudo que eu puder é pra salvar minha família.
Um “bip” eletrônico anuncia que a
hora chegou. A primeira salva de mísseis já esta no ar.
-Vamos rolar essa beleza e tirar
umas fotos Charlie!
-Yahoo! Vamos nessa capitão,
afinal, quem quer viver pra sempre?
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